segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A BRIGA DO PREÇO DAS PASSAGENS EM SÃO PAULO


É muito difícil, praticamente impossível, saber quem tem razão no caso do aumento - ou do congelamento - das passagens de ônibus, metrô, CPTM e ônibus intermunicipais que estourou nos últimos dias em São Paulo.

Na verdade, estourou praticamente no Brasil todo, porque todos consideram um desaforo e um desprpósito aumentar-se as tarifas dos transportes públicos numa época como a que estamos vivendo, de crise econômica, moral e de falta de dinheiro generalizada.

Vou me resumir aqui à cidade de São Paulo, mas provavelmente o que escreverei tamvém valerá para os mais distantes rincões do Brasil.

Aqui, a coisa estourou quando o ainda não empossado prefeito João Doria afirmou publicamente que congelaria as passagens dos ônibus municipais da Capital. Logo em seguida, o governador Alkmin, seu aliado e patrocinador político, afirmou que isso não seria possível, pois o preço mais baixo dos ônibus em relação às linhas de metrô e da CPTM, empresas do Estado e não da Prefeitura de São Paulo, seriam esvaziadas, pois elas aumentariam seus preços e os ônibus manter-se-iam com os preços antigos (em São Paulo, os três transportes tradicionalmente têm o mesmo preço).

Com o passar dos dias, Alkmin resolveu manter os mesmos preços para o metrô e a CPTM e a coisa, aparentemente, teria sido resolvida. A essa altura, Doria já estava para assumir a prefeitura. Depois de ele assumir, saiu uma declaração do governador afirmando que os preços das integrações entre metrô, CPTM e ônibus, que têm um preço mais alto (porque incluem dois dos transportes, pela própria natureza do serviço), estas sim, teriam um aumento, e não somente isso: esse aumento seria superior ao da inflação acumulada desde o último aumento. 

Este aumento seria feito claramente para reduzir o prejuízo que os governos sofreriam com o congelamento das tarifas. Mas, prejuízo, por que? Ora, porque a Prefeitura e o Estado tiram de seu caixa a diferença que não cobre as tarifas de Metrô - esta uma empresa de economia mista, CPTM - esta, uma empresa do Estado e ônibus - estes, particulares - e este valor tirado dos caixas é repassado para as empresas.

De acordo com governos e empresas, se este repasse não fosse feito, todas elas dariam constante prejuízo. E, especialmente, nos casos dos ônibus e do metrô, se não dão lucro, fecham. Afinal, há sócios privados nos dois transportes (repito: o Metrô é uma firma de economia mista, governo e particulares).

Como particulares são também as empresas de ônibus que fazem o transporte intermunicipal (a Grande São Paulo tem 40 municípios). E estes também sofreram aumento!

A justiça, logo depois de decretados os aumentos, revogou-os - tanto para a tarifa de integração, como para os ônibus intermunicipais.

E agora? Quem tem razão?

Se eu pensar como a grande maioria das pessoas, é muito bom para nossos bolsos - mas só a curto prazo.

A médio e longo prazo, é evidente que os aumentos virão em alguma época - seis meses, um ano, dois anos. Antes de virem, no entanto, o Estado e a Prefeitura terão gastado muito em repasses, mais do que esperavam, sem os aumentos sugeridos. Isto já vai acontecer no caso das passagens de ônibus municipais, trens do metrô e da CPTM, pois estes sim foram congelados pelo governo.

É evidente que vai haver queda na qualidade de serviços. Vai haver menos investimentos na compra de novas unidades para transporte. A manutenção vai ser prejudicada. Etc., etc, etc.

Aí vem a última pergunta, que acontece principalmente no caso dos ônibus: quem hoje acresita na contabilidade das empresas? Como se sabe que as planilhas de custos apresentadas por estas empresas são realmente confiáveis ou se há jogo contábil? E mais: é possível julgar isto? Contabilidade, a gente sabe, pode ser feita de inúmeras formas. As firmas afirmam que fazem direitinho; os sindicatos de empregados afirmam que não. É a desculpa que usam sempre quando entram em greve e as empresas afirmas que não têm condições de dar aumentos maiores.

E a população não confia nem nas empresas nem nos sindicatos. E agora?

Agora, estão todos num mato sem cachorro - nós e eles!!!!

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