domingo, 3 de janeiro de 2016

SÃO PAULO: A ENCHENTE DE 1929

Estações e ferrovias sofrerem com o excesso de chuva. Aqui, a estação de Entroncamento, em Jardinópolis, às margens do rio Pardo, ficou debaixo d'água

Falei em enchentes na minha última postagem (dia 1o de janeiro), mas sempre é interessante lembrar da enchente de janeiro e de fevereiro de 1929, possivelmente a maior do século na Capital e no Estado - inclusive Rio, Minas e Paraná.

A enchente jogou o leito dos rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros para fora de seus leitos. Praticamente todos os bairros ribeirinhos sofreram com as inundações. No interior, as ferrovias pararam durante dias em diversos pontos, dificultando a comunicação.

Na Capital, a saída para Itu era impossível, já que a estrada estava inundada a partir do km 18 em Osasco - hoje, nas imediações da estação ferroviária de Comandante Sampaio (que, na época, não existia). No km 21 também havia problemas, pela enchente do rio Carapicuíba. Esta estrada hoje é o eixo Corifeu de Azevedo Marques - Autonomistas e que segue até Jandira.

Para Campinas, a estrada era a Estrada Velha, que, em Pirituba, estava inundada. Para Santana de Parnaíba, ambos os acessos estavam inundados - a hoje avenida Mutinga ("estrada de dentro") e a própria Estrada de Itu ("estrada de fora").

No Bom Retiro, as ruas Anhanguera e a Cruzeiro viraram rios - vejas as fotos aqui postadas.

Na Casa Verde, famílias deixavam o bairro procurando locais para se mudarem, carregando o que podiam.


Na região do Pari, a cheia tomou ruas como a Santa Rosa e a Senador Queiroz.

Rua Senador Queiroz
Rua Santa Rosa

Na Ponte Pequena, a situação não era muito diferente.
Enchentes na Ponte Pequena.

Em Santo Amaro, ainda município, a região do Socorro ficou debaixo d'água.
Santo Amaro. Locais irreconhecíveis, mas junto ao rio Pinheiros.

Corria o boato que a cheia havia sido provocada pela Light, que não havia fechado o fluxo de água para o rio Pinheiros. Qual a vantagem que ela teria? Ora, estava estabelecido no contrato de retificação e canalização do rio (que seria construído no final dos anos 1930 e nos anos 1940 e 50) que a faixa a ser entregue à empresa para tal seria a linha máxima de enchente histórica. Tirem as conclusões.

O interessante foi a "guerra dos terrenos" que apareceu nos jornais de fevereiro, à medida que a cheia aumentava: loteadoras vendendo terrenos em locais que "não inundavam". Este anúncios podem ser vistos abaixo. Pelo nível das construções que hoje existem na maioria destes bairros, dá para ver que somente quem tinha bastante dinheiro poderia usufruir desta "garantia de não-inundação".
Os terrenos em Gopoúva eram mais baratos, pois ficavam em Guarulhos, divisa com São Paulo. Mesmo assim dizia claramente que estava livre de inundações.

As fotografias que aqui aparecem foram conseguidas nos jornais "Folha da Manhã" de fevereiro de 1929. Apesar da baixa qualidade das fotografias, elas dão uma boa ideia dos estragos.

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