quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

AS ESTRADAS PAULISTAS DOS ANOS 1930


Mais papelada dos arquivos de meu avô Sud Mennucci. Os mapas aqui apresentados estavam em um jornal não identificado (pode ser o Correio Paulistano), em recortes feitos pessoalmente por meu avô. Também não há identificação de data; porém, pelo aspecto de estilo e de fontes eu diria que foram publicados por volta de 1935 - o marco zero da praça da Sé, com desenhos de meu tio-avô "postiço", o francês Jean Villin (concunhado de minha avó, Maria, esposa de Sud) mostrado em todos eles, foi inaugurado em 1933.

Em tempo: conheci, e muito bem, meu tio Jean, morto em 1979.

Ali são mostrados os caminhos lógicos da época para quem quisesse ir por automóvel a Santos, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Minas Geraes. Além disso, numa reportagem separada, aparecia um mapa da futura Fernão Dias, ainda em construção no trecho mineiro, mas não no paulista.

Na época, a praça da Sé era um bom referencia. Numa cidade de (então) 1 milhão de habitantes, ainda se utilizava a praça da Sé como referência. Como o número de automóveis ainda era relativamente pequeno (menos de 50 mil), o tráfego no centro ainda era bastante razoável e a praça da Sé ainda era frequentada por muitas viaturas. Partir do centro era uma boa alternativa.

Muitas ruas destes mapas ainda não eram calçadas... ainda nessa época, a melhor opção eram mesmo os trens da Noroeste, Sorocabana, Paulista, Mogiana, Central do Brasil, São Paulo Railway. Esses nomes daqui a alguns anos cairão totalmente no esquecimento - assim como as ferrovias brasileiras em geral.

Os mapas mostram os trechos urbanos que eram mais utilizados para cruzar os rios Tietê e Pinheiros: a partir deles, era o "sertão".

As estradas de rodagem utilizadas quando se saía da cidade eram: para Santos, o Caminho do Mar (Estrada Velha); Rio, a São Paulo-Rio (a Dutra se utilizou de vários trechos da antiga estrada); Goiás, a antiquíssima Estrada Velha de Campinas e sua continuação até Goiás; Minas Geraes, a São Paulo-Rio e depois a União e Industria; Paraná, a São Paulo-Paraná, atual Raposo Tavares; Mato Grosso, as Estrada de Ytu e em seguida a "Estrada de Rodagem São Paulo ao Mato Grosso", que começava em Barueri.

Hoje em dia, para sair para estes locais, há estradas que em geral partem do anel rodoviário formado pelas avenidas Marginais (Pinheiros e Tietê). Para ir ao Mato Grosso (e também o do Sul), há atualmente ao menos quatro alternativas: Castelo Branco, Marechal Rondon, Raposo Tavares e Washington Luiz. Para o Paraná, Regis Bittencourt e também a mesma daquela época (Raposo Tavares), via Ponta Grossa. Para Minas, a Fernão Dias e a BR-116. Para Santos, duas estradas, a Imigrantes e a Anchieta. Para o Rio, a Dutra e a Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Para Goiás, via Triângulo Mineiro, a Anhanguera e a Bandeirantes.

As saídas para o Paraná e para Mato Grosso eram ambas pelo mesmo caminho.

Nenhuma destas existia naquela época, exceto a Raposo Tavares e a Marechal Rondon.

6 comentários:

  1. Entre São Paulo e Pouso Alegre o traçado da Fernão Dias é muito parecido com o proposto pelo Touring. Já de Pouso Alegre para S.Gonçalo do Sapucaí a estrada passa por Careaçu e não por Silvianópolis. De S.Gonçalo para Oliveira o traçado é bem diferente. Em vez de Elói Mendes e Varginha, a estrada passa perto de Campanha e Três Corações. De Lavras ela passa uns 20 km a oeste. Entre Oliveira e BH ela não passa por Bonfim, mas por Carmópolis de Minas, Igarapé e Betim.

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  3. A Rodovia São Paulo-Paraná em seu trecho paulista era a Raposo Tavares até Vargem Grande + toda a SP-250 Que passa por Ibiúna, Piedade, Capão Bonito, Apiaí e Ribeira), não?

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  5. Boa tarde, eu encontrei uma das notícias que está ao lado desse recorte, sobre o transporte de automóveis para Campos do Jordão. Não é desse mesmo recorte, é de outro jornal (Estadão), mas é sobre o mesmo fato específico. A data é 28/03/1934.

    É a primeira notícia desse link:
    http://acervo.estadao.com.br/procura/#!/transporte+de+automoveis+para+campos+do+jord%C3%A3o/Acervo/acervo

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  6. O governo alemão doou uma ponte pênsil, construída pelo exército, para o Brasil. Ela poderia ser montada em qualquer lugar que tivesse o vão de 132 metros.O Presidente Rodrigues Alves que já pretendia fazer uma estrada entre BH e São Paulo, mandou engenheiros estudarem um local adequado para a ponte. O lugar escolhido ficava no rio Sapucaí entre a cidade de São Gonçalo e seu distrito de Retiro (atual município de Turvolândia). Apesar de todas as dificuldades da época para transporta-la, a ponte foi montada, mas fica em uma estrada de terra entre as 2 cidades. A Fernão Dias, construída mais de meio século depois, só cruza o rio Sapucaí em Pouso Alegre. É uma obra imponente. Muito bonita. Pode ser vista no Google Maps. Pelo menos não é mais um elefante branco abandonado no meio do mato como os viadutos da BR-101 no litoral norte de São Paulo.

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