sábado, 15 de junho de 2013

OS TRILHOS DO MAL (XIV): 63 ANOS ATRÁS EM RIBEIRÃO PRETO


A foto acima (O Malho, 17/2/1912) é de cem - cento e um, vá lá - anos atrás. Sua legenda: "Aspectos do nosso verdadeiro progresso - Companhia Mogyana - Avançamento dos trilhos no ramal de Guaranezia (Minas). O representante da companhia, os engenheiros e demais pessoal d'esse trabalho de verdadeiro progresso, valorisador de zonas fertilissimas, até agora sem meios rapidos de transporte."

A reprodução abaixo (Folha de São Paulo, 12/4/1960) é de quarenta e oito anos depois disso ou cinquenta e três anos atrás. É parte de uma reportagem publicada sobre a construção da variante da mesma Mogiana entre Bento Quirino e Entroncamento, que tiraria quatro anos depois as estações de Cravinhos e de Ribeirão Preto de dentro das respectivas cidades.

Note-se que, em Cravinhos, a população teve a partir de 1964 de se deslocar por nove quilômetros para pegar o trem, por uma estrada ruim e de terra e sem ônibus que fizesse o percurso. A variante era necessária para melhorar o percurso obsoleto e cheio de curvas da ferrovia naquele trecho (e não porque alguém haja insistido para tal, como hoje). Porém, ninguém pensou em como resolver o problema do embarque dos cidadãos daquela cidade. Resultado: o movimento de passageiros na nova estação caiu a quase zero.

E em Ribeirão, uma nova estação foi feita fora da então zona urbana e bem mais perto que a de Cravinhos, mas, na época, havia também o problema de condução contínua para ela. E note o sintoma já nessa época dos "trilhos do mal": o jornal achava uma grande vantagem retirar diversas linhas do centro da cidade (quantos automóveis existiriam rodando na cidade nessa época?). Elas foram, mesmo, retiradas mais tarde. Até 1978, já não existiam. Por que não se as manteve para um "metrô de superfície" ou trem de subúrbios, como se dizia na época? Porque desde lá se consideram erradamente trens no Brasil como anacrônicos.

Um comentário:

  1. É de doer a forma com que as ferrovias são tratadas como obsoletas neste país...
    A idéia geral é a de que carros, ônibus e caminhões substituíram as ferrovias assim como os trens substituíram os lombos de mula.
    Bom pras mulas é que ainda tem quem enxergue serventia e cuide bem delas, já os trens...

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