sábado, 5 de janeiro de 2013

COMO SE DESTRÓI A INFRAESTRUTURA DE UM PAÍS

 
O artigo abaixo tem duas partes. Na de cima, eu comento o que achei do texto na parte de baixo, de Antonio Pastori.
 
Concordo em numero, genero e grau com tudo o que ele escreveu no e-mail abaixo, enviado a mim nesta manhã. Nada diferente do que venho insistentemente escrevendo em meu blog e falado em entrevistas que dou.
 
Não há mais nada a comentar, a não ser ficar lamentando e lamentando e lamentando. Num país em que a voz do povo deixou de ser a voz de Deus há muito tempo - se é que um dia terá sido - as ferrovias, claramente úteis, devferiam estar sendo utilizadas e não estão; politicos corruptos continaum agidno por todo o país; políticos "oficialmente" corruptos, ou seja, condenados pelo STF - continuam fazendo o que querem, soltos e ricos; vamos exigir o que?
 
Talvez se começarmos a pedir para o governo fazer o contrário do que queremos, ele passe a fazer exatamente o que queiramos...
 
O e-mail recebido de Antonio Pastori segue abaixo e seu texto refere-se a um video ali citado (assistam-no, pois vale a pena e ajudará a entender o que Pastori fala):
 
Prezadas/os

Por gentileza, leiam os comentários abaixo quando tiverem tempo, mas não
deixem de acessar o link abaixo para ver uma preciosidade, um antigo filme
sobre a (simplória e incompleta) justificativa para  erradicação de 4.000
 km de ramais ferroviários antieconômicos da RFFSA, em 1964.


Algumas informações técnicas sobre o FILME e o seu momento em que foi
produzido (1964).

1 - O filme é do INCE-Instituto Nacional do Cinema Educativo(?), produzido
pela Atlântida Filmes, a pedido do MEC  e o Ministério da Viação, que não é
citado. Lembren-se que, naquela década a industria automobilistica, recém
instalada no Brasil, precisava consolidar-se.

2 - Os primeiros 8 minutos contém tomadas feitas na extinta E. F. Maricá,
que ia de Niterói (Neves) até Cabo Frio, com 158 km. Se a linha fosse
preservada, um moderno Trem Regional faria essa viagem até Cabo Frio em
menos de duas horas. Hoje esse percurso rodoviário pode levar  mais de 4
horas, sobretudo nos finais de semana e feriados.

3 - Na altura dos 8':15" do filme, temos uma belíssima surpresa, com raras
imagens do trecho a cremelheira da Serra de Petrópolis (erradicada em
1964), com passagem pelas estações Raiz da Serra, Meio e Alto da Serra.
Observem a passagem do trem pelo centenário Viaduto da Grota Funda,
teimosamente de pé até hoje. Esse trecho está totalmente ocupado, e a
reativação dessa ferrovia só depende da vontade política de resolver essa
questão das ocupações, que será cobrada insistentemente por nós dos atuais
prefeitos de Petrópolis, Rubens Bomtempo, e Magé, Nestor Vidal.

4 - A imagem final do filme é emblemática: um trem cargueiro da até hoje
eficientíssima E. F. Vitória-Minas transportando minério de ferro. Essa
ferrovia é a única que vem fazendo o transporte diário de passageiros entre
essas duas capitais.

5 - Estatísticas: a promessa de erradicar os ramais anti econômicos - foram
mais de 10 mil km - para investir em rodovias, resultou no seguinte quadro
atual: dos 1.600.000 km de rodovias existentes hoje no País, apenas 200 mil
km (12,5% do total) são mal e porcamente pavimentadas;  destes 200 mil km
pavimentados temos somente 64 mil km de rodovias federais, ou seja, apenas
31%. Essas rodovias nos cobram, além do frete elevado,  um pedágio social
em termos de desperdício na queima de combustível fóssil não renovável,
poluição, acidentes, perdas materiais e humanas, aumentando o que se
convencionou de chamar custo da infraestrutura ineficiente, ou custo
Brasil.

6 - Para compensar esse atraso, o governo federal investe bilhões e bilhões
em novas rodovias e ferrovias, em projetos "em*PAC*ados" que andam no ritmo
da velha Maria-fumaça. Por sinal, hoje a velocidade média dos nossos
modernos automóveis nas grandes Regiões Metropolitanas é muito inferior a
velocidade média da "Baroneza", primeira locomotiva a vapor que rodou em
solo brasileiro a 32 km/h, e isso foi há mais de 160 anos atrás! Evoluímos?

7 - A maquiavélica estratégia do governo Federal à época, foi deixara o
doente atingir o estado terminal para justificar a desmontagem da  RFFSA. É
claro que havia muito obsoletismo, ineficiência humana e material, mas hoje
percebe-se que foi um grande desperdício de RH e Ativos  não repensar,
naquela época, um modelo para revitalizar e modernizar a Rede.

8 - Esse desperdício poderia ter sido minimizado, por exemplo,  se alguns
os ramais ferroviários antieconômicos, ao invés de serem erradicados,
fossem preservados (retirar os trilhos foi uma imbecilidade sem
precedentes) com os trilhos sendo vendidos a preço de sucata.  Existem
ainda antigos trechos belíssimos, com paisagens de tirar o fôlego, mas que
hoje são somente acessíveis por utilitários 4X4.

9 - Idem, idem, com o material rodante. Se fossem preservados, estariam
novamente na ativa servindo como TrensTurísticos e/ou Regionais,
contribuindo para reduzir essa carnificina diária nas rodovias, gerando
emprego e renda através do Turismo e preservando milhares de estações
centenárias abandonadas relegadas ao esquecimento.

Por fim, não deixem de ler o texto abaixo, pois ele explica um pouco do "*modus
pensanti *" da época, que aplaudiu de pé a morte do trem  de passageiros,
preferindo ficar horas e horas engarrafados nas estradas ou, pior,
 envolver-se  em acidentes estatisticamente cada vez mais frequentes.

A. Pastori.
 

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Essa "técnica" funciona até hoje, me recordo de quando queriam privatizar as rodovias, e "pedagiá-las", quase todo dia passava uma matéria ressaltando as péssimas condições das estradas, chamando de rodovia da morte... Só não tiveram o triste fim das ferrovias por que estrada dá muito mais lucro que ferrovia, trem não paga pedágio, IPVA, DPVAT...

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  3. Conheço o Pastori das palestras e encontros do Movimento de Preservação Ferroviária. Também nestes encontros conheci o Prof. Victor – falecido em outubro de 2012 – e o responsável pelo expresso Vale Verde. Todos pessoas dinâmicas e apaixonadas por ferrovias. São pessoas com estas que o país precisa para sair da mesmice deste piloto automático em que vivemos.
    Pessoas capazes em posições adequadas evitariam todo este desperdício de tempo e recursos!

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