domingo, 1 de abril de 2012

OS TRILHOS DO MAL (VIII): SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Mato onde antes passava o Cruzeiro do Sul e o Santa Cruz

Enquanto eu estava no hotel em São José dos Campos nesta última terça-feira, o céu desabou sobre a cidade. Chuva na horizontal e, ainda por cima, vista do quinto andar do prédio na avenida João Guilhermino, esquina da Nelson D'Ávila. Bem no centro da cidade, onde a chuva, que caiu no município todo por volta das cinco da tarde, caiu mais forte no centro e mais tranquila nas partes baixas da cidade.
Rua João Guilhermino inundada

Como consequência, a rua João Guilhermino, exatamente embaixo de onde eu a tudo assistia, inundou. Bocas-de-lobo sujas, com certeza. Como em São Paulo e em outras cidades, ninguém se preocupou em limpar preventivamente. Tanto que, até pelo menos dez horas da noite, embora a luz já houvesse retornado e a chuva tivesse parado quatro horas antes, a inundação pouco diminuiu. Como dava para os carros passarem, jogando muita água para as calçadas, o trânsito não foi tão afetado ali. Na mesma rua, no sentido da avenida Nove de Julho, três árvores caíram sobre a posta, interrompendo pelo menos uma das faixas de tráfego. Isto sim segurou o trânsito.

No dia seguinte, fui ver como estava o leito da linha antiga em São José, que eu sabia que já havia sido retirada. Fizeram-no, claro, para construir ali uma avenida (claro! Prefeitos adoram avenidas). Fui até o ponto onde o Banhado está para começar, mais ou menos no lugar onde até 1925 a linha mais antiga ainda começava a sua subida para a estação velha, lá no alto.

O pequeno viaduto que dava acesso sobre a linha para o bairro Esplanada já não serve para nada: certamente irá para o chão, mas, como arrancaram os trilhos e nem começaram a fazer qualquer coisa, ainda existe uma vala que precisa ser aplainada embaixo do viadutinho. Do outro lado dele, sentido estação tecelagem Parahyba, só mato; do lado "de cá", está limpo. Vêem-se ainda as pedras de lastro da linha ao lado da pequena rua que a acompanha.

Eu (quem sou eu?!?!) sugeri neste mesmo blog, há mais de ano, que se usassem as linhas da variante de 1925, essas que foram retiradas, para se fazer um VLT para São José dos Campos. Há dias, um leitor me disse que esse VLT não seria viável, pois ligaria o nada a lugar nenhum, "como o de Campinas". Que ele me permita discordar. O VLT seria um meio não-poluente (se fosse eletrificado) ou pouco poluente (se fosse a diesel ou gasolina) de ligar o oeste ao leste do município sem passar pelo centro da cidade. E com interligações com eventuais outras linhas de VLT ou de ônibus, fato inevitável, seria viável, sim. E a linha poderia ser utilizada como leito de um trem regional unindo Jacareí e São José e, se fosse permitido usar a linha da MRS, seguir pelo menos até Taubaté ou mesmo Pindamonhangaba com esse trem. Com certeza, valeria a pena para os usuários. Alguém pensa nisso? Não. Só o sonhador aqui.
Trilhos arrancados (à direita, na foto) e o viaduto ao fundo

Há poucas semanas publiquei aqui o despacho do procurador do Ministério Público Federal de Ribeirão Preto, que dizia serem absurdas as reivindicações da Prefeitura dessa cidade de retirar os trilhos do ramal de Sertãozinho para, entre outras coisas, construir uma avenida. Mais ainda: se não havia plano nenhum aprovado de construção de avenida no leito ou de qualquer outra coisa, por que gastar dinheiro retirando trilhos? Que se aguardasse haver algo concreto. Repito a frase por ele usada aqui: "Também é absolutamente impensável que o MUNICÍPIO adquira a área em questão sem saber ao certo o que fazer com ela. Ou, pior, que a adquira com um intuito momentâneo que, implementado às pressas ou sem maior reflexão, precise ser alterado futuramente, por não se revelar adequado, o que remete ao triste exemplo do Minhocão. Ora, uma vez eliminados os ramais – assim entendidos não apenas os dormentes, trilhos e demais equipamentos férreos, mas principalmente a adequada conformação do solo e do terreno –, sua reposição, após constatar-se que o corredor de ônibus não passa de uma quimera política, afigurar-se-ia no mínimo canhestra."
Trilhos arrancados, sentido Banhado. Na sargeta da rua, ainda há um pedaço que não foi arrancado do asfalto, aparecendo

Foi exatamente isto que aconteceu em São José: arrancaram-se os trilhos e absolutamente nada aconteceu. Os trilhos não atrapalhavam em nada e até agora nenhum ganho houve para a cidade: apenas os enormes custos de arrancamento de trilhos. Só que, neste caso, o MPF de São José não se manifestou.

Um comentário:

  1. VLT nas vias principais ( Entre Zona Sul - Zona Norte e Zona Leste - Zona Oeste ) e monotrilhos leves em alguns circuitos locais (e.g.: Ligando Santa-Freitas; Ligando Vila Industrial - Campos de São José - Vila Industrial até Parque Tecnológico; Ligando Limoeiro - Urbanova; Ligando Centro até Putim; Ligando Bosque dos Eucalípitos até Nova República).
    AS VIAS PRINCIPAIS PODEM SE ESTENDER DESDE JACAREÍ (Passando por Vila Branca, Califórnia e Altos de Santana) ATÈ TAUBATÈ (passando por Eugênio de Melo, Caçapava e Quiririm).
    MODELO INTELIGENTE; IMPLANTAÇÃO ESCALONADA - UM PROJETO A SER REALIZADO ENTRE 2013 ATÉ 2023.
    SÃO JOSÉ É UMA PREFEITURA RICA, PODE BANCAR O TRECHO JOSEENSE.
    O PROBLEMA É O MALDITO PROTECIONISMO PARA AS EMPRESAS DE ÔNIBUS (PÁSSARO MARRON, EXPRESSO MARINGÁ, VIAÇÃO JACAREÍ) que emperra o verdadeiro progresso!!!

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