sábado, 20 de novembro de 2010

DESVIOS FERROVIÁRIOS

Desvio Giongo - 1960 - Foto Arte Alemão/Alberto del Bianco

Há alguns dias recebi algumas fotografias do Desvio Giongo, em São Carlos, SP. Desvio Giongo? O que é isso? Bem, desvios são curtos ramais que saem de pátios ferroviários e se dirigem para outro ponto desse pátio ou mesmo para outras instalações vizinhas.

Muitas estações ferroviárias possuiam desvios. Em muitos pátios hoje abandonados, ainda existem eventualmente trilhos cobertos de mato que saem da linha principal e que se dirigem Às vezes para locais indefinidos, que não mais existem em alguns casos. O desvio Giongo, ou desvio da Serraria Giongo, levava às instalações desta última, onde composições geralmente curtas da ferrovia - no caso, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, carregavam ou descarregavam materiais.

Desvio Giongo - 1960 - Foto Arte Alemão/Alberto del Bianco

Havia - e ainda há em algumas estações - desvios que levavam para as oficinas da própria ferrovia, para pedreiras, armazéns, ou instalações de terceiros, como outras indústrias, fazendas, minas etc. Em alguns casos, o desvio era tão longo que era chamado de ramal. Ou seja: não há um critério exato para se classificar essas linhas como desvio ou ramal, e nem é necessário.

Desvio Giongo - 1960 - Foto Arte Alemão/Alberto del Bianco

Há muitos exemplos de desvios em muitas estações. O que é difícil, mesmo, é determinar o período de funcionamento dessas linhas ou fotografias das mesmas em operação. No desvio Giongo, existem pelo menos as fotografias mostradas aqui. O mapa desenhado numa fotografia aérea da mesma época (anos 1960) mostra a estação de São Carlos, o desvio Giongo, a localização da serraria e outras linhas existentes, como os ramais da ferrovia que saíam de lá (a E. F. do Dourado, por exemplo) e outras linhas.


Estação de São Carlos e desvio Giongo - Marco Antonio Pau

Quando um desvio ou um ramal industrial saía de fora do pátio de uma estação já existente, era geralmente criado um posto telegráfico no local de saída, com nome ou não (às vezes, chamado somente de km tal, ou com o nome do próprio desvio - o Desvio Furuya, por exemplo, na Sorocabana, em Miracatu, era o nome do posto e o do ramalzinho).

Desvio Coqueiros - 1929 - Amparo - sua história- seu povo - comércio - indústrias e recursos no ano de seu primeiro centenário - 1829-1929

O material que consegui em 15 anos de pesquisas ferroviárias é muito pequeno em termos de documentação escrita ou fotográfica desses desvios. Isso torna uma satisfação muito grande cada obtenção de material de um desvio. No meu site estações ferroviarias podem ser encontrados alguns, nas páginas de algumas estações. Uma delas é a estação de Arcadas, da Mogiana, em Amparo, SP, onde um desvio levava a um cortume, o Coqueiros, em 1929.

8 comentários:

  1. Ola Ralph

    Lembro dos desvios nas pequenas estaçoes da Sorocabana que serviam para que uma coposição
    aguardasse outra que vinha em sentito contrário
    ou um trem de passageiros que vinha logo atrás...
    isto depois de Sorocaba sentido interior onde a
    linha era só de uma vía...estes desvios se nao me engano também eram chamados de linha morta...
    Como os trems ficavam parados eventualmete nos
    desvios...era comum se dizer que uma pessoa que
    nao estava trabalhando ( sem emprego ou mesmo um
    desocupado) que esta estava no desvio....coisas dos anos 50....

    Daniel Gentili

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  2. Bom... sendo chato, como sempre... as preciosas fotos da Foto Arte Alemão mostrando o desvio da Serraria Giongo não devem ter sido tiradas em 1960, já que nelas aparece uma locomotiva diesel-elétrica alemã LEW, que só foi incorporada à frota da CP em, no mínimo, 1967... OK, um erro mínimo e desprezível perto do valor dessas imagens.

    Essas devem ter sido uma das últimas fotos desse desvio, já que em 1976 ele já não existia. Aliás, para ser mais exato, pude observar nesse ano que boa parte do desvio ainda estava lá, só o AMV que o conectava com a antiga linha da CP já tinha sido removido.

    Um desvio muito interessante de São Carlos, mas muito pouco (na verdade, quase nada) documentado é o da Serraria Santa Rosa. Ele saía da linha da CP a algumas centenas de metros depois da estação, rumo a Araraquara, e era um pouco mais longo que o da Giongo (esta ficava vizinha à estação, ao contrário da Serraria Santa Rosa, um pouco mais distante).

    Em 1976 o traçado do desvio da Santa Rosa até a linha da CP (então Fepasa) ainda estava livre e cheio de mato, mas os trilhos tinham sido totalmente removidos, ao contrário do que tinha ocorrido com o da Giongo.

    Em 2005 documentei o local onde passava esse desvio; ele havia sido ocupado por quintais, garagens e edículas de casas vizinhas.

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  3. Gorni, o detalhe da LEW eu não tinha. As fotos, se v. as olhar, foram enviadas com o ano 1960 (no nome do arquivo), mas a intenção pode ter sido anos 1960, por quem enviou. Os outros detalhes são ótimos! Desvios são difíceis de se ter dados. Quanto ao fim do desvio Giongo, v, quer dizer então que em 1976 ele já não funcionava, embora existisse. E a serraria? Ainda existe hoje?

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  4. Aliás, estava reparando... ainda bem que não dei o título à postagem de "Desvios de São Carlos"... senão poderiam ter interpretado como (o mundo hoje está cheio de problemas denunciados nos jornais!!) que o Santo Carlos teria desviado algum dinheiro do seu mosteiro há trocentos anos atrás, quando estava ainda vivo e antes de ser canonizado...

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  5. Ralph, muito bom artigo, como aliás todos os demais, já virei fã. Será que vc não poderia me enviar o teu email para mim (jonas.liasch Arroba gmail.com? Tenho uma foto de uma casa de turma que preciso saber a origem, de que ferrovia é, pelo menos. Grande abraço.

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  6. Ralph, o desvio da Giongo ainda existia em 1976 por mera inércia. Só já tinham removido o AMV que o conectava à linha-tronco da CP provavelmente para aproveitar esse equipamento, que é bastante caro. Aí, de quebra, inutilizaram o desvio que já devia estar sem uso - e uma eventual chance de problemas com acidentes. Ficou contudo o resto dos trilhos, cujo valor nem sempre justifica sua remoção - tanto é que ainda há tantos por aí enterrados!

    Infelizmente não verifiquei se em 1976 a Serraria Giongo ainda funcionava. Em 2003 seu prédio estava ocupado por uma agência dos Correios, e havia uma estação de rádio da Embratel no caminho do antigo desvio.

    A Serraria Santa Rosa sem dúvida já não funcionava em 1976 - seu porte era bem maior (pelo que me lembro, ocupava um quarteirão inteiro) e seu fechamento foi sentido por toda a cidade. Além disso, o relevo acidentado de São Carlos permitia que seu prédio abandonado (e sua alta chaminé) fosse visto com facilidade em vários pontos da cidade. No final da década de 1970 uma grande rede de supermercados (Jaú Serve - será que ainda existe?) comprou o antigo prédio e construiu um supermercado lá. Até 2005 ele ainda existia, tanto que fiz compras lá.

    Aliás, em 1976 tentei explorar a pé a região onde o desvio da Santa Rosa se conectava à linha tronco da CP. Mas naquela época não era fácil transitar a pé ao longo dos trilhos. Lá estava eu no início de minha exploração e, de repente, ouvi vários apitos, e não eram de locomotiva - sim, eles eram dirigidos para mim; logo apareceu um guarda correndo da estação e me alertou para não continuar a andar pela via permanente. Já estávamos na decadência fepasiana, mas ainda havia alguma ordem...

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  7. Complementando minha mensagem anterior, creio que as serrarias fecharam em São Carlos devido au aumento da distância de sua matéria prima que ocorreu a partir do final da década de 1960. Pelo que meu avô me contou na época, o material que abastecia as serrarias são-carlenses vinha do extremo da Alta Paulista (Adamantina, Panorama...), fazendo conexão em Ityrapina. No final da década de 1960 devem ter sido extintas as últimas florestas da região e a madeira teve de ser procurada mais longe.

    Por falar em desvios e ferrovias industriais, creio que em São Carlos houve uma pedreira (ou cerâmica?) que era servida por uma mini-ferrovia particular. Meu avô até contava que ela tinha pequenas locomotivas elétricas, mas a anta aqui não se deu ao trabalho de procurar maiores informações durante a década de 1970. A massa crítica que acelerou a busca por material histórico das ferrovias nacionais só viria com a internet, 20 anos depois.

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  8. sugiro uma materia no blog so para os desvios de presidente altino eram varis]os e longos parecia ramais muito legal

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