domingo, 2 de maio de 2010

O CÓRREGO VERDE

Mapa da região de São Paulo que contém a bacia do rio Verde, assinalada em vermelho com seus dois braços e seu pequeno afluente no Jardim Europa. Perdoem-me o traçado, pois estou muitíssimo longe de ser um expert no paintshop.

O córrego Verde, também chamado antigamente de rio Verde, desagua no rio Pinheiros, atrás do clube Pinheiros, passando dentro do Clube Hebraica. Está praticamente todo canalizado hoje, sendo possíveis exceções fundos de casas por onde passa - esta confirmação é difícil pois teríamos de visitar todas essas casas para conferir.

Ao contrário da maioria dos rios e ribeirões da cidade que antigamente corriam a céu aberto, o córrego Verde não deu origem a avenidas de "fundo de vale". Tem dois braços. O que a Prefeitura chama hoje de "braço 1" nasce no alto da Vila Madalena, divisa com a Pompéia, nas imediações da rua Heitor Penteado e próximo a onde hoje está a estação Vila Madalena. Desce acompanhando a rua Simpatia, cruza a rua Inácio Pereira da Rocha onde esta cruza as ruas Belmiro Braga e Girassol, junto ao Cemitério São Paulo, segue acompanhando o lado direito da rua Fradique Coutinho, cruza a avenida Rebouças na altura da rua Capitão Prudente e junta-se com o "braço 2" na rua ali no Jardim Paulistano, junto à rua Mariana Corrêa.

O braço 2 nasce no alto do Sumaré, próximo à esquina das ruas Amália de Noronha e Oscar Freire, junto à estação do metrô do Sumaré, desce cruzando a Cardeal Arcoverde na esquina com a João Moura, atinge a rua Henrique Schaumann e cruza a avenida Rebouças na esquina com a rua de Pinheiros. Dali desce pelo meio do bairro do Jardim Paulistano por ruas estreitas onde se encontra com o braço 1 do córrego ali na Maria Carolina.

Até uns 30 anos atrás era possível se ver o córrego onde hoje está a pequena rua chamada "Verde", entre a alameda Gabriel Monteiro da Silva e a rua Grécia. Dali ele segue cruzando a Faria Lima entre as ruas Grécia e Iramaia e segue pelo meio de terrenos até entrar no Hebraica e desaguar no Pinheiros.

O seu trecho dentro do Jardim Paulistano era provavelmente o limite da antiga chácara "Bela Veneza", que existiu até cerca de 1910 e deu origem ao Jardim Paulistano e partes dos Jardins América e Europa. Não tente achar o córrego hoje. Ele está bem escondido. Sua localização foi possível por meio de mapas de época, dos tempos em que ele ainda não era canalizado.

O seu "braço 1" se manifestou iradamente há pouco mais de um mês atrás, quando a baixada da rua Inácio Pereira da Rocha, esquina com as ruas Girassol, Fidalga e Belmiro Braga, inundou e deixou diversos carros boiando no cruzamento. Parece que o velho córrego gostaria de ter um tratamento melhor do que servir de galeria pluvial (e de esgoto, claro).

No mapa acima, clicando e vendo sua versão maior, poderá ser visto os seus dois braços e um pequeno afluente que nascia ali perto da rua Groenlândia, junto à rua Polônia. Esse pequeno ribeiro, parte da bacia do Verde, é um dos limites do loteamento original do Jardim Europa. Em suma, está cada vez mais difícil encontrar-se um córrego a céu aberto em São Paulo.

Um comentário:

  1. As árvores imensas da Rua Lisboa, entre elas exemplares de pau-ferro e pau-brasil devem sua saúde e seu tamanho ao solo fértil de várzea de um dos braços desse riacho.

    É possível ouvir a correnteza desse córrego invisível passando embaixo do pequeno viaduto da Rua Artur Azevedo, 30m antes do cruzamento com a Henrique Schaumann. Fica no nível da rua Paulo Gontijo de Carvalho, pequena viela que contorna os fundos do antigo prédio da Credicard.

    Parabéns por mais um tocante post de geomorfoarqueologia urbana!

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