sábado, 2 de maio de 2009

DE CURITIBA A PARANAGUÁ

Mais fotos do Jean vindas do Sul, como as que mostraram o fim do Hotel Krelling em Jaraguá do Sul, mostram que algumas estações ferroviárias desativadas estão em petição de miséria. Até aí, nenhuma novidade (infelizmente). Porém, algumas delas estão na Serra do Mar, na histórica linha Curitiba-Paranaguá, uma das poucas linhas que ainda mantêm o mesmo trajeto original da época de sua construção, em 1885. Isto faz com que, por ser obsoleta, os cargueiros da ALL, atual concessionária da linha, tenham de percorrê-la com um número absurdo de curvas e numa velocidade reduzidíssima.

Por outro lado, as velhas estações e casas de turma ao longo da linha pouca — ou nenhuma — diferença fazem para a ALL. Por isso mesmo, ela não tem a menor obrigação de manter esses prédios. Desde que a RFFSA deixou de operar na linha, que foi entregue em concessão em 1996, os prédios não recebem nenhuma manutenção, o que fez com que vários deles estejam arruinados. Até a Casa do Ipiranga, residência dos grandes chefes da linha na época da Estrada de Ferro do Paraná e depois mantida pela Rede de Viação Paraná-Santa Catarina e depois pela RFFSA, praticamente virou pó. Uma construção magnífica que se perdeu. Hoje, para ser restaurada, demandaria muito dinheiro e mais ainda em gastos em segurança para evitar que seja novamente depredada por vândalos e pelas próprias intempéries da serra.

A Serra Verde é a empresa que tem a concessão dos trens de passageiros praticamente diários com motivo turístico da linha. Ao contrário da ALL, é justamente por causa das curvas e velocidade reduzida que esta ferrovia atrai turistas, principalmente europeus, que se deliciam com as paisagens ainda semivirgens (faz sentido esta palavra?) da serra. Realmente, são muito bonitas, mas o que eles devem pensar quando veem ruínas e mais ruínas no seu percurso, ou mesmo estações e casas de turma abandonadas e com vidros quebrados?

No planalto, eles devem reparar mais, pois a paisagem do trecho de 40 km é monótona. A estação de Piraquara, depois de anos abandonada, agora foi restaurada e transformada em restaurante. Isto é bom. Por outro lado, a estação de Roça Nova, que fica pouco antes do primeiro túnel, que por sua vez é a entrada “oficial” do trecho da serra (do outro lado dela, só mata!), parece que assinou um pacto de morte. Até 2007, ela estava depredada, mas ainda com suas formas externas; a partir daí, começou um processo de depredação externa, em que a estação começa a perder suas características: o telhado caiu. A situação estava como pode ser vista na foto acima em julho de 2008. Como estará hoje, nove meses depois?

Seria muito interessante que as prefeituras envolvidas e as próprias Serra Verde e ALL se envolvessem, juntamente com empresas da região, para tentar o restauro de todas essas estações da linha, para que a vista ficasse um pouco mais agradável aos olhos dos turistas que esperam ver coisas bonitas pelo caminho e não somente desolação. Algumas estações escaparam da depredação e dos maus tratos por que ainda têm algum uso, como a de Piraquara, já citada, a de Marumbi, na serra, e a de Morretes, ao pé da serra, esta usada mesmo como estação, pois ali desembarcam os passageiros quando o trem não vai até Paranaguá (que, segundo ouvi, raramente recebe os trens da Serra Verde hoje). É estranho também que até hoje, depois de mais de dez anos de abandono, ninguém tenha levantado este assunto seriamente.

Um comentário:

  1. Ralph, creio que hj a estação esteja totalmente restaurada pelo dono, constava que seria um restaurante, estive em fev. de 2010.

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